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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Canção em Arco (sem título)

Em certas noites de abandono,
recolhido em meus lamentos,
ao já presente desconsolo
somo a angústia de saber
que toda essa dor que sinto
na verdade não tem razão de ser;
que essa minha vida-melancolia
não é necessária, nem sequer.

É que uma parte de mim
está para além do existir
é só um mistério que perdura
num infinito, incessante caminhar
enquanto tudo o que há
nasce e perece, faz-se passar

Penso então no júbilo de viver
o simples êxtase de experienciar
penso ser o mínimo que me cabe
essa felicidade, possuir e cultivar

É que uma parte de mim
vai muito além de existir
é só um mistério que perdura
num infinito, incessante caminhar
enquanto tudo o que há
nasce e perece, faz-se passar

Sem motivos pra insistir
desconcertado e sem consolo,
contrariando minhas penas,
como criança que engole o choro,
não encontro outra saída
que deixar morrer o velho coração,
já incapaz de se alegrar
de não pulsar desolação

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