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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Consciência Metafísica

A maioria até percebe o que pensa, analisando, mas quem percebe os sentimentos, a subjetividade, que estimula e é anterior aos mesmos pensamentos?

Vê: a pulsarem as energias inomináveis, mas que ainda assim possuem características próprias, e que são tudo o que há, incitando nossos corpos e nossas mentes, fazendo-nos formar todas nossas predileções e diferentes visões sobre a vida. Vê que ninguém está livre de subjetividade, nem mesmo o maior dos cientistas e nem mesmo um único pensamento dentre todos os que lhe habitam a mente. Vê como o gozo da vida é anterior a todo pensamento; que o prazer é anterior à definição: é o toque sobre a energia pura, que é completamente selvagem, e que está aí, vestindo nossas idéias e inspirando nossa lógica. Vê como as palavras evoluem em alta velocidade, sob nosso intento de definir o que não é mais que pulsão, e que esse esforço revela cada vez mais a eterna insuficiência desses mesmos termos, enquanto essa própria revelação de vazio é a garantia de possibilidades culturais infinitamente mais ricas e complexas.
Vê como as estações influenciam nossos assuntos, pois também somos feitos dos elementos que percorrem seus ciclos nesses períodos, e em nossa fisiologia pulsa inclusive a energia dos astros. Até o nome escolhido para um filho é desapercebidamente influenciado pelo tempo em que se está, pois esse indivíduo carrega em si a sonoridade de um nome que geralmente se adecua ao tempo em que foi pensado pelos pais, pois a escolha de um som bonito tem tudo a ver com o momento sob o qual alguém almeja criar beleza, como quem se harmoniza com a vida que tem, com o tempo onde vive, pois tudo o que encontramos belo é porque se harmoniza com nossas vidas, em todos os níveis. O belo é harmonia, clareza, coesão, integridade, unidade e concisão de um objeto independente em meio ao todo onde tudo está ligado e relacionado, ele é simultaneamente independente e unido com o todo.
Quanto a isso, a criação, vê como consciências separam toda essa energia misturada que é o universo, refinando formas e dando direção ao inanimado como o oleiro que separa o barro da argila. É como se agarrássemos cores-matérias pulsantes a se expandirem desgovernadamente no vazio, e lhes forçássemos curvas, contornos, através de gestos invisíveis, dando alguns nós ali e outros aqui, encaixando-as em um meio material, até formarmos um arabesco, da mesma forma como foram criadas as borboletas.

Vê a tudo isso, pois quando simplesmente veres para além do teu pensar, saberás quem és e entenderás que teu poder de manipulação das coisas existe justamente por estares para além dos pensamentos, do mundo... de toda a matéria.

Vê a visão dos místicos e profetas, que nunca foram loucos, mas praticantes nem tão hábeis das palavras. Suas palavras se revelaram inábeis no limite onde se chocaram com as diferenças culturais daqueles incapazes de os compreenderem...

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