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quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Joseph Dé-Jacques, 'o anarquista esquecido'

Joseph Dé-Jacques, 'o anarquista esquecido'...
Anarquista antes do termo existir... 
Figura estranha e sofisticada...
Defensor da autonomia social feminina
Entre revolucionários menos igualitários...
Prenunciador do óbvio,
A impossibilidade de qualquer república...
A inevitabilidade dos golpes de estado...
E um futuro sem dinheiro...
Mais uma cabeça convenientemente esquecida...
Mesmo pela crítica contemporânea...
E também por ser poeta...
Essas pessoas incompreensíveis...
Por errarem sempre sozinhos...
Por quererem falar com beleza...
E sonharem coisas que não se pensam...
Já sei, já sabemos...
Não existem heróis nem mártires,
Apenas as maiores personagens da história...
Que não ficaram nos livros...
Vai mostrar o tempo...
Que até a desesperança dos humilhados
E mortos de fome, não tinha razão...
Esteve tudo do jeito que teve de estar...
Nesse mundo em que as pessoas recusam a verdade...
Nem mesmo por inconsciência...
Mas por simples escolha...
Escolheremos apenas como caminho...
Palavras que mais adiante
Descobriremos erradas...
Deixaremos os poemas se desfazerem...
Breves, contraditórios e impublicáveis...
Como a própria condição humana...
Imatura pra ouvir, pra dizer...

sábado, 17 de setembro de 2016

Convicção x Comprovação - Não são termos antagônicos

Qual a diferença entre convicção e comprovação?
Acredito que esse já está sendo um dos temas do século.
Não existe uma oposição essencial.
Procurei fazer uma demonstração com objetivo de estudo, depurando os termos através de dois dicionários, não como referencias universais sobre os termos, mas como referencias culturais. Parece extenso mas é bem simples. A conclusão fica nos últimos três parágrafos.
Espero que sirva.
O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa define Convicção - '[Do lat. convictione.] S. f. 1. Efeito de convencer. 2. Certeza adquirida por demonstração. 3. Persuasão íntima. [Cf. convecção.]'
E Comprovação - [Var. de comprobação.] S. f. 1. Ato de comprovar; comprobação. 2. adm. Conjunto de documentos relativos a gastos que se fizeram por determinada verba.
E no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa Convicção - substantivo feminino 1. Certeza de um .fato de que apenas temos provas morais. 2. [Jurídico, Jurisprudência] Prova evidente. 3. Reconhecimento do próprio crime. Convicções - substantivo feminino plural 4. Crenças; opinião arraigada.
E Comprovação - (latim comprobatio, -onis) substantivo feminino
Ato de comprovar. Comprovar - (latim comprobo, -are, aprovar inteiramente, confirmar, certificar) verbo transitivo 1. Vir corroborar (outras provas). 2. Confirmar. 3. Examinar se nas provas tipográficas estão observadas as emendas feitas nas precedentes. verbo pronominal 4. Ter comprovação.
Pelas definições do dicionário Aurélio, temos em convicção os significados de 'convencer', 'certeza' por demonstração, e 'persuasão íntima', e comprovação por 'conjunto de documentos...', fora os significados redundantes que se referem a outras formas do mesmo radical. Se estar convencido é ter certeza, fica apenas a diferença entre 'convicção' e 'persuasão íntima'.
Pelo dicionário Priberam temos 'certeza penas com provas morais', 'prova jurídica evidente', 'reconhecimento do próprio crime' e 'crenças'. Prova jurídica evidente e reconhecimento do próprio crime também entram em 'convicção', sobrando apenas a certeza de provas morais, que defini como 'comprovação moral' e 'crenças'.
Temos então para convicção os termos 'convicção', 'persuasão íntima', 'comprovação moral' e 'crenças'. 'persuasão íntima' equivale a 'convicção', e difere de 'crenças' e 'comprovação moral', que pode ser coletiva, mas sem dados ou demonstrações, ficando apenas 'convicção', 'crenças', que na conotação sugerida pode ser pejorativa no sentido de convicção errônea e 'comprovação moral'.
Pelo dicionário Aurélio, temos em comprovação conjuntos de documentos relativos a gastos, o que se refere apenas no sentido jurídico econômico, e que defini como 'convicção escrita', além de 'comprovação' derivada por outros radicais.
E pelo dicionário Priberam, temos aprovar inteiramente, confirmar, certificar, corroborar e examinar. Na conotação vigente, 'examinar', 'corroborar', 'certificar' e 'confirmar' são atos que dependem de provas, e portanto podemos definir a todos como 'comprovação' simplesmente.
Fica para comprovação apenas o significado de 'comprovação', como conhecimento ou convicção dotado de provas.
Finalmente qual a diferença entre os significados de 'convicção', 'crença','comprovação moral' e comprovação?
'Convicção' é uma certeza sem provas, 'comprovação moral' uma comprovação sem provas materiais, 'crença', apenas se for no sentido pejorativo, uma convicção infundada e 'comprovação' uma certeza dotada de provas. E portanto toda a diferença entre convicção e comprovação reside no significado de 'prova', que é 'demonstração', o que nos leva a entender que convicção é convicção, simplesmente, e comprovação é uma convicção demonstrada.
Qual a diferença essencial, então? Não existe. A diferença entre uma convicção pura e uma convicção demonstrada não reside no sujeito do verbo, mas no espectador. Demonstrar uma convicção serve para atestar os meios de um raciocínio ao outro, ou seja, as demais pessoas da sociedade científica e geral. É um recurso de transmissão e não uma forma pura de conhecimento, sendo que toda convicção já carrega os meios de comprovação exigidos pelo próprio indivíduo, e toda comprovação está sujeita às más formações da convicção.

O verdadeiro ponto da questão é histórico e cultural. Em que momento as convicções se confundiram com as provas. Ou, ainda, em que momento da história o homem científico confundiu a demonstração com a convicção, e a si mesmo com a comunidade, o indivíduo com o outro, ou, mais ainda, a convicção com a influência alheia, mais especificamente jurídica e econômica, conforme demonstram os significados alternativos dos dois dicionários citados.

E que, finalmente, nos refere a uma idéia ainda mais antiga e obscura. Quando foi que o homem passou a pensar ser verdade o que as maiorias acreditam?

terça-feira, 15 de março de 2016

No estouro do grito a raiva que se dilacera,
no desborde da pressa que se impõe,
e à margem do medo, latente:
o colo da atenção pura,
ante a possível ausência de perspectivas;
Integridade, como luz repousante
inclinada a manter os braços abertos,
que pergunta - o que nos sobra?
E reencontra o diálogo,
como se por acaso...

sábado, 14 de março de 2015

Contra-Nativismo

Contra-Nativismo

Não valorizo bombacha nem espora
mas entendo o olhar do paisano
carregado de um tempo findo

Homens e cavalos sonhando juntos
por campos de cor, sem soja
por ventos de aroma, sem pó

A grande verdade nativista é a terra
e a vida cercada de essências
o resto é coisa dos homens...

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

quando você enfim realizar seu grande feito
talvez perceba que aquilo era apenas uma parte
e se lembre dos tantos outros sonhos antigos
que obscuramente vagavam em sua memória

e quando tiver conquistado mais e mais ainda
talvez perceba o canto de outra satisfação
que sutilmente persiste em se fazer buscada
aquém de tudo o que se encontra nesse mundo

quem sabe então finalmente entenda
meu olhar quieto e minha voz pequena
no rosto de uma dessas pessoas simples
que se sentam em silêncio durante horas

eu fui aquele que sumiu do mapa, lembra?
convicto de uma liberdade maior...

terça-feira, 29 de julho de 2014

Premissa primeira da vida (ou uma possível tradução da primeira lei búdica):

O ser-humano carrega, desde quando pode lembrar, uma gama de sentimentos obscuros e destrutivos, inexplorados em sua totalidade, conhecidos, por ex, como "sombra" ou "inconsciente" por diferentes áreas e campos do conhecimento humano, operantes a nível físico, mental e emocional, e, em conjunção com sua consciência, condicionantes de tudo o que ele é e faz. Não somos puros, tampouco é a natureza, e foge da vista do nosso horizonte histórico as origens disso tudo, de forma que, por lógica, e por nenhum de nós conter os segredos da luz e da sombra em si, é preciso estar sempre atento aos próprios sentimentos em cada ação; ter muito cuidado antes de afirmar ideologias e/ou qualquer pensamento que possam repercutir no outro; ter atenção redobrada em cada conflito, em cada momento da própria vida; desenvolver a tolerância e boa vontade acima de tudo, pois tudo está para ser observado, e tanto a maldade, quanto o amor, e a luz, apenas ainda estão por ser descobertos. Entender e aceitar o sofrimento, em sua complexidade, é o primeiro passo pra que possamos deixar a posição de animais para ascender como co-artífices da vida.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Desistir de um desejo
Deixar outra emoção
E redescobrir a vida
Na estrada mais sutil

Ainda vou sumir da dor

sexta-feira, 11 de julho de 2014

bom dia pseudo-engajados
se me verem na rua desviem
não tenho assunto pra trocar
meu ódio sempre morre antes de virar doutrina
e meu pensamento quase nunca é literal;
por favor não queiram comigo competir
não sou herói nem protagonista de nada
não sou a voz dos oprimidos que não falam por si
sou mais um bobo que ri, de si, de ti,
sem nunca ter descoberto nessa vida
quem é o bem e quem é o mal;
me faltam todos os jargões da moda
pra levar a verdade em uma bandeira
nunca quis ver um mundo à minha maneira
que coubesse em minhas próprias mãos
de devaneio libertário ou liberal;
enfim, passa reto que sequer eu sou um gato
e nunca pego as menininhas no final...

sábado, 5 de julho de 2014

Bom dia. Hoje o Zé já tava no mercadinho às 7 da manhã, discursando com o mate na mão. E pior é que tava certo!
"Arre! Coisa mais estúpida do mundo pensar que um país se faz só com a classe política, que basta votar porque fulano é ladrão e ciclano é honesto, e ponto. Como se as pessoas não fossem a chave disso tudo. Como se os senhores eleitos fossem fazer de boa, sem sujeira, aquilo que ninguém quer fazer por achar trabalho ingrato demais. Aí achar que tudo se resume a esquerda e direita, como se uma ideologia fosse capaz de sanar todas as questões e outra fosse simplesmente errada ou má intencionada, tipo Grêmio x Inter em revanches eternas, onde todo o resto fosse feito de espectadores. Eu mesmo vi a "esquerda" perdurar no poder, depois de a "direita" ter se segurado por um bom tempo. Antes ainda a esquerda já tinha se re-levantado, até ser substituída pela ditadura. Fico pensando, é preciso que todo discurso partidário tenha sido falso pra se conservar em tamanha desmemória, e é preciso ser completamente desinteressado pra não perceber que nenhuma das linhas nunca supre, supriu ou suprirá os interesses de todos, que nossa realidade é bem mais complexa que isso, e que não dá simplesmente pra defender bandeiras, em nome de uma lado só, que toque o trem adiante, e decida tudo o que deve ser decidido e feito. Cada vez mais acredito na política de bairro por achar que só as pessoas realmente podem cuidar da realidade que habitam. Em geral, tanto é corrupta a classe política em sua raiz quanto é abstêmia a sociedade, no seu patriarcalismo desinteressado. Parece que estamos todos atônitos, entre 200 milhões de negros, índios, portugueses, imigrantes europeus e orientais, pardos, pobres, ricos, sem nenhum ideal, nenhuma consciência política que possa unir tantas classes, culturas, raças, crenças e histórias juntas, cortadas, fragmentadas e impostas a uma convivência forçada, combativa, há tanto tempo, pelo velho colonialismo. Fico pensando que a nossa maior herança colonial, fora a mentalidade, é o mapa do país, gigante e plural - garantia de um povo sem consenso nas mãos de uma máquina centralizada, distante, que só consegue manter uma linha no totalitarismo, porque fora isso tudo é volátil e irritantemente escorregadio. Sem a mão das organizações coletivas, das hortinhas coletivas aos movimentos sociais, esse troço país é só um gigante sem pernas..."

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Brasil 0 x 0 Chile

Me acuerdo de un amigo chileno
que se decia boludo siempre
mientras yo me creia tan vitorioso.
Quizas sea esa la magica
de la amistad entre el tímido y el creído
que tanto me costava entender;
Aún llevo tiempo a descubrir
que grandes derrotas habian en mi vitorias
y que grandeza tiene aquel que pierde
por conocer sus limites...