a mentira pode ser
como a fumaça das chaminés industriais
enegrecendo nosso céu
de nuvem densa e imponente
nos acostumamos com o desconforto
com o ar rarefeito
com a ardência nos olhos
até os pulmões esquecerem
o toque do ar puro
e nossos olhos passarem
a admirar a escuridão
das idéias destrutivas
e das palavras corrosivas
a cidade tem um cheiro de folhigem
que as famílias até se identificam
quando voltam da praia
e se orgulham de sua potência
de seu poder de destruição
no mundo corporativo
no jogo do crime e da justiça
na imprensa e no comércio
e o CO2 paira sobre todos
como a grande mentira atmosférica
e as chaminés são os maiores
totens da urbanidade
onde o engodo é o maior governo;
e é fácil perceber isso
vendo-se mentir pra si
respirando ar ardido
olhando de longe a cidade
com mãos e rosto encardidos
debaixo de uma ponte
de paredes enegrecidas
eu me apartei de tudo e de todos
em busca da maior filosofia
eu condenei a tudo o que vi
pra achar o mais alto mirante
e fugir dessa destruição
que me assolava de fato
mas nascia de dentro;
queimei sonhos
queimei amizades
pra ser mais uma chaminé
em frente a um tonel em chamas
sujo
fumando
cuspindo fumaça
em meio ao fogo...
Pretenso Poeta anônimo, mendigo e considerado louco...
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