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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sobre a identidade cultural de uma região (em tópicos no face)

Vejo a idéia de estado-nação como a institucionalização de um território em função de ideais mercantilistas. Não é por identificação cultural, por características natas de uma região e de um povo, que se inventa uma instituição (um país). Não, é por motivos bem menos interessantes, vis, e, consequentemente, um risco no mapa como esses que são chamados de países costumam respeitar muito pouco as particularidades das culturas locais. Uma minoria governante é quem define os contornos políticos dos mapas, e obviamente essa minoria não conhece bem cada região, seria impossível. Vejo esse conceito de estado-nação como algo que só é possível em função da forma como o ser-humano tem se socializado até agora: com pessoas de pouca individualidade, com relações de domínio e servidão. É por isso que existem líderes políticos (e principalmente financeiros) que detêm mais poder do que outros (apesar de o mundo ser de todos, e o que é completamente arbitrário dentro do ponto de vista humano). E tão absurdo quanto isso é a grande massa acreditar que parte de suas vidas e a totalidade de suas terras está nas mãos desses "líderes". Acredito que se as pessoas tomassem consciência de que são parte fundamental e integrante do mundo, perceberiam a importância de cuidarem de si, da terra, dos animais e das pessoas que os cercam, trabalhando para todos, simplesmente por que isso é o mais lógico e produtivo a ser feito, e não por haver uma lei estabelecida por sabe-se lá quem. Em um mundo assim a ciência e as artes, a cultura, não teria seu crescimento limitado em função de divisões políticas. Cada região do mundo veria florescer sua natureza peculiar, assim como a cultura.

Concluindo: A idéia de estado-nação não pode ser referência para discussões a respeito de identidade cultural, os estados estão aí para confundir, não para esclarecer.

Considero-me mais platino do que brasileiro, e, pra ajudar a mostrar essa diferença, diria que algumas regiões da Colômbia são muito mais brasileiras do que o Rio Grande do Sul. basta escutar um pouco do seu sotaque pra ver, observar suas paisagens, costumes, favelas, e infindáveis outros detalhes. Enfim, um dia uma galera da Europa chegou aqui fazendo um monte de barbaridade e fez um risco pra dividir a América do Sul em dois pedaços, impuseram cada qual seu idioma, e hoje temos que nos preocupar em fazer jus a essa categorização? Sem chance. Nossa terra é só a nossa terra, sem os limites retilíneos dos mapas políticos, mas os limites graduais da geografia.

2 comentários:

  1. Cara, o Rio Grande do Sul é tão único que parece um irmão mais velho separado da família no nascimento, mas que cresce separado e que depois de muitos anos mantém, inexplicavelmente, as características não só físicas (geográficas, no caso) dos irmãos, mas aquelas que inexplicavelmente eram hábitos de família (cultura, no caso) e etc.

    Se o RS não fosse brasileiro, ele não seria tão paradoxal e interessante. Ser brasileiro e platino parecem ser duas qualidades inconcíliaveis se observamos a história, mas todo dia quando alguém cantarola uma milonga em português, parece que a história besta que cria falsas oposições se dilui e ficamos com a mera aparência de paradoxo.

    As linhas imaginárias das fronteiras fazem uma diferença sutil, criam monstros culturais dificieis de explicar. Os gaúchos são esses irmãos que falam de fora, que são da família mas entendem outros. Somos a transição entre o Brasil e o Prata, e como tudo que é transitivo tem o trabalho de reinventar-se a todo tempo.
    Bom para nós que não morreremos como a França, ou a Itália que querem a todo custo congelar uma autoimagem e defendê-la a custa da ruina do mundo.

    Enfim, a tua reflexão é sempre atual, pois somos um povo que se parece a um intervalo para sempre aberto e por definir. Aqueles que tomaram partido do Brasileirismo ou do Espanholismo só conseguiram provar que estão errados. Nisso, creio que somos eterna mudança de polos.

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  2. Beleza, acho que sim, a ideia de transição ainda parece ser melhor. Minha ideia era tentar quebrar com a discussão em função de nacionalidades e pensar em termos mais geográficos, mas acho que não ficou bem claro.

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